segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O médico disse que tenho câncer de próstata, e agora?

Infelizmente o câncer de próstata está entre os três tumores mais comuns no homem, o que faz com que vários pacientes recebam esta notícia todos os dias. Graças à rotina de exames anuais com dosagem de PSA e toque retal, a grande maioria destes pacientes apresenta doença inicial no momento do diagnóstico o que implica em altas taxas de cura. 

O tratamento deve ser individualizado de acordo com o estadio do tumor (sua extensão), idade, saúde do paciente e também de acordo com as expectativas e perfil psicológico do paciente. Aqui focamos os casos de tumor confinado à próstata e pacientes menores de 70 anos porque são o perfil que predomina no dia a dia do consultório.

O tratamento mais usado é a cirurgia, considerada padrão ouro uma vez que apresenta altas taxas de cura com baixa morbidade. Tipicamente o paciente submetido à cirurgia apresenta risco de incontinência urinária (não consegue segurar urina) em torno de 10 % e risco de disfunção erétil (impotência) em torno de 50%. Ambas as condições quando presentes podem ser minoradas com medicamentos, fisioterapia ou cirurgia. 

A radioterapia é o tratamento alternativo à cirurgia  para o câncer de próstata inicial por excelência. Existem várias estratégias usadas para sua aplicação e duas vias de administração: A radioterapia externa, aplicada através de aparelhos que concentram a radiação sobre a próstata e a braquiterapia. A radioterapia externa tem melhores resultados quando usados múltiplos campos, radioterapia conformacional pois é possível aplicar uma dose maior de radiação à próstata, aumentando sua eficácia com menores efeitos colaterais dado à menor irradiação do reto. Outra estratégia usada é a administração de medicamentos que promovem a castração química do paciente, levando à redução do tamanho do tumor e da próstata, logo, reduzindo a área a ser irradiada. O volume da próstata e o volume tumoral são fatores muito importantes para o tratamento com radioterapia para o câncer de próstata visto que quanto maior a próstata, maior a área a ser irradiada e maiores os efeitos colaterais. A outra forma para administrar a radioterapia é a braquiterapia onde pequenos fragmentos de material radioativo conhecidos como sementes são injetados na próstata em uma conformação definida levando à irradiação de toda a próstata e do tumor com menor efeito sobre os tecidos externos à próstata. Esta via também tem melhores resultados com próstatas pequenas e pode ser impossível em casos de próstatas grandes. A radioterapia tem resultados um pouco inferiores aos da cirurgia na maioria dos casos, deve ser indicada em pacientes com risco cirúrgico elevado e naqueles que rejeitam a cirurgia. 

Finalmente existem tratamentos alternativos ainda em desenvolvimento como a crioablação da próstata (destruição por congelamento) de toda a próstata ou focal, ablação por radiofrequência que destrói o tumor por elevação da temperatura e ultra-som de alta frequência que também destrói a próstata por elevação da temperatura. Todos estes tratamentos são muito  interessantes porque partem da necessidade de minimizar os efeitos colaterais do tratamento, entretanto ainda não vejo segurança para indicá-los corriqueiramente. 

Nos últimos anos têm sido publicados vários trabalhos sugerindo que há supertratamento do câncer de próstata e que vários pacientes com câncer de próstata não se beneficiariam do tratamento, vindo a falecer de outra causa mesmo não tratados. O que é fundamental no caso de vigilância é primeiro a seleção do paciente, apenas pacientes de baixo risco são elegíveis para este tratamento e, também, definir já de início o tratamento a ser adotado em caso de progressão do tumor visto que se optado pro cirurgia ou radioterapia, estes tratamentos devem ser usados precocemente em caso de progressão enquanto que quando optado por hormonioterapia, pode-se aguardar um pouco mais. De um modo geral, o fator mais importante além da agressividade do tumor é definir a expectativa de vida do paciente. Pacientes com expectativa de vida menor que 10 anos são elegíveis para o tratamento tipo vigilância e posteriormente hormonioterapia enquanto que pacientes jovens e com boa saúde tendem a ser operados ou submetidos a radioterapia com objetivo de cura.

Finalmente, é fundamental uma consulta com o urologista, ele avaliará as especificidades e traçará a melhor estratégia de tratamento individualizada para o seu caso!

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